Seriam a sorte, a própria natureza ou a oração capazes de evitar um incêndio florestal?
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Poucos dias atrás, meu filho de 11 anos de idade e eu fomos explorar a floresta que existe por trás da casa minha mãe em Albemarle County, Virginia. É o mesmo chão onde eu navegava como um jovem explorador há muitos anos atrás. Quanto mais adentrávamos, mais sentimos que não estávamos apenas andando entre aas árvores. Estávamos caminhando no passado.
Quando eu tinha a idade do meu filho, eu tinha um grande amigo que costumava passar vários dias do verão em minha casa. Ele era criado por sua mãe, não havia conhecido o seu pai e, para mim parecia, tanto naquela época como agora, que a vida dele era bem complicada. Éramos bons companheiros e desfrutávamos juntos nossas aventuras.
Numa bela tarde, combinamos de “conquistar” os limites da nossa propriedade e ir além. Embalamos tudo que nos era essencial: bolachas, uma garrafa térmica de limonada caseira, papel de desenho e soldados com paraquedas de plástico nas costas presos com ligas de borracha azul. Colocamos também uma caixa de fósforos para caso de uma necessidade.
Passada uma hora da nossa expedição, depois que cruzamos as linhas de nossa propriedade para os acres de uma floresta misteriosa, chegamos a uma pequena clareira que anos mais tarde tornar-se-ia o jardim da frente da casa de alguém.
Lá encontramos um enorme pneu de trator que poderia ter sido deixado lá há mais tempo que minha curta existência. Lembro-me que havia plantas que cresciam dentro, ao redor e através dele.
Tentamos levantá-lo porque é isso que os meninos fazem; em seguida, deixamo-lo cair, porque não queríamos voltar para casa com a roupa suja. Teoria alternativa: Deixamos cair o pneu porque era ridiculamente pesado e já tinha visto espaguete mais taludo que nossos músculos naquela época. Comemos nosso almoço nutritivo e, em seguida, fiz a pergunta da qual me arrependeria mais tarde. “Será que esse pneu velho queima?”
O fogo foi aceso facilmente. Em pouco tempo, o pneu estava queimando como a tocha nos Jogos Olímpicos.
Entramos em pânico e jogamos o que tínhamos sobre as chamas; limonada. Não ajudou.
Enquanto a fumaça enchia o ar, sugeri que nos ajoelhássemos em oração e fizéssemos o que eu tinha visto meus pais e os líderes da igreja fazerem muitas vezes quando precisavam de uma intervenção divina. Não me lembro exatamente das palavras, mas minha memória espiritual me diz que foi algo curto e simples. Tínhamos cometido um erro terrível e precisávamos de uma mão celestial, e rápido.
Estávamos muito longe de ajuda e isso aconteceu vários anos antes de telefones celulares tornarem-se uma necessidade da vida, assim como o ar, a água e o Facebook.
Discutimos se deveríamos esperar e ver o resultado ou correr e pedir ajuda. Mas antes que decidíssemos o que fazer, as chamas começaram a ficar mais finas e a fumaça diminuiu. Sussurramos a nós mesmos. Embora nunca tenhamos dicutido sobre isso, estou certo que ambos sussurrávamos orações entrecortadas entre a fumaça, mesmo depois já termos cessado o rasário de palavras nervosas.
O momento era uma mistura de surpresa e gratidão. Se apenas por sorte ou por uma bênção vinda do Alto, o fogo se extinguiu. Embora a fumaça continuasse a dançar em direção ao céu, uma coisa era evidente; a ameaça havia se extinguido, também.
Corremos de volta para a minha casa, enchemos dois jarros de leite vazios com água da mangueira e voltamos para a clareira na floresta. A fumaça diminuiu para quase nada; apenas uma pequena lembrança do que tinha sido.
Ainda assim, cada um de nós esvaziou o nosso galão de água e observamos os efeitos finais. O resultado final foi áquele pelo qual tínhamos orado.
Os passos, no retorno para casa, eram lentos, mas alegres. Tínhamos sido abençoados.
Tínhamos mesmo?
Compartilhei essa experiência com meu filho não muito longe do local onde ela ocorreu. O terreno em torno de nós era verde e exuberante, como uma ilustração de livro infantil. O ar espesso estava pingando com aquela infame umidade da Costa Leste.
Estava tudo tão semelhante à forma como eu vi e senti a situação na época em que ocorreu.
“Você acha que um incêndio poderia ter realmente se espalhado aqui?”, Perguntou meu filho.
“Nunca saberemos”, eu disse a ele. “Talvez sim, talvez não.”
O que eu não lhe disse é que eu mesmo me perguntava a mesma coisa muitas vezes através dos anos. Foi sorte, a natureza ou a nossa oração que impediu um incêndio florestal?
No final daquele dia memorável da minha infância, eu orei na cabeceira da minha cama realmente acreditando que que tinha havido a mão de alguém no final. Poderia ter sido a primeira vez que eu reconheci que uma oração sincera e fervorosa não é um monólogo, é uma conversa.
Concluindo tanto a minha história como a nossa caminhada na mata, expliquei ao meu filho que era impossível saber se as condições das plantas verdes, a clareira cheia de humidade natural ou pura sorte teriam se encarregado da minha tola escolha de infância. E, obviamente, deixei claro que aquela não era uma experiência a ser repetida.
Eu também disse que não importava. A experiência tinha sido uma bênção.
E se a floresta em torno de nós nunca esteve realmente em risco?
E se a bênção não fosse o fato de o fogo não ter se espalhado, mas como consequência, uma existencia de fé onde a oração combateria os outros incêndios em minha vida?
Como todo mundo, eu tive muitas outras orações que acabaram de forma diferente, com respostas que eu não queria ou que levaram anos para que eu chegasse a entender o significado de seu desdobramento. Porém, através de todas as adversidades, desafios e más escolhas, o fogo nunca consumiu a floresta, ou a mim.
Eu posso nunca vir a saber exatamente o que foi que impediu o incêndio na floresta. E aquilo foi ótimo para os dois meninos do passado, e para um outro menino nos dias atuais.
(Jason Wright é colunista, palestrante e autor de best sellers do New York Times. Inscreva-se para suas colunas semanais, junte-se a ele no Facebook e siga-o no Twitter. Seu livro mais recente, The Miracle James, está disponível na Amazon.)